HIROMI NAGAKURA e AILTON KRENAK

Exposição: Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak

Lideranças indígenas visitadas pelo fotógrafo e pelo curador estarão presentes na

abertura da exposição

Abertura: 24 de outubro de 2023, às 19h – até 04 de fevereiro de 2024
Instituto Tomie Ohtake
De terça a domingo das 11h às 19h – Entrada gratuita
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros SP
Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Como escreve Ailton Krenak, curador da mostra, no início de seu texto: “Nagakura-san
é um samurai. Sua espada é uma câmera que ele maneja com a segurança de quem já
passou por campos de refugiados e esteve no centro das praças de guerra, por lugares
como África do Sul, Palestina, El Salvador e Afeganistão. Depois desse mergulho no
inferno global, quando sentiu de perto a loucura dos seres humanos, o samurai da
câmera descobriu a floresta amazônica e seus povos nativos”.
Algumas obras dos territórios em conflito fazem parte da exposição, contudo, os
trabalhos do fotógrafo em Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak
concentram-se nos registros permitidos realizados nas viagens da dupla, principalmente
pelo território amazônico. Os percursos abarcaram quase cinco anos, de 1993 a 1998,
dezenas de horas, duas vezes por ano, sempre na companhia da produtora e intérprete
Eliza Otsuka. A exposição, acompanhada de encontros e lançamento de livro, é o
resultado de uma “união de esforços para fazer uma celebração em torno dessa amizade
alimentada pelo sonho e beleza da obra do fotógrafo Hiromi Nagakura”.

HIROMI NAGAKURA e AILTON KRENAK

A mostra, segundo Krenak, traz algumas das belas imagens das viagens às aldeias e
comunidades na Amazônia brasileira. “Momentos de intimidade e contentamento entre
‘amigos para sempre’ inspiraram esta mostra fotográfica mediada por encontros com
algumas das pessoas queridas que nos receberam em suas cozinhas e canoas, suas praias
de rios e nas aldeias: Ashaninka, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin, o
povo Guarani de São Paulo e comunidades ribeirinhas no Rio Juruá e região do lavrado
em Roraima”, destaca o curador. As viagens alcançaram os estados do Acre, Roraima,
Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Amazonas. Muitos indígenas, que foram visitados
pelas lentes do fotógrafo na companhia de Krenak, estarão presentes na abertura da
exposição.
A aproximação entre Krenak e Nagakura começou numa conversa, sentados em
esteiras, na sede da Aliança dos Povos da Floresta, no bairro do Butantã, em São Paulo,
onde se conheceram, quando Eliza Otsuka apresentou o plano de viagens de Nagakura.
“Ela [Eliza] resumiu com estas palavras o conceito todo do projeto para alguns anos dali

para frente: ele vai ser a sua sombra por onde você for, quando estiver dormindo e
quando estiver acordado”, recorda-se Krenak. Esta história toda está reunida em um dos
livros escrito em nihongo, publicado pela editora Tokuma (Tóquio, 1998), intitulado
Um rio, um pássaro assumido por Krenak como a sua biografia feita por Hiromi
Nagakura. O livro agora será lançado no Brasil pela Dantes Editora, como um dos
eventos que integram a programação da mostra. O lançamento de Um rio, um pássaro
acontece dia 27 de outubro, das 18h às 21h, no Instituto Tomie Ohtake, com mesa e
autógrafos.

HIROMI NAGAKURA e AILTON KRENAK


As viagens de Krenak e Nagakura já foram registradas anteriormente no Japão em
livros, exposições e documentários para a NHK. O livro Seres Humanos – Amazônia,
lançado em 1998 em Tóquio, teve enorme repercussão e foi seguido de duas exposições
e exibição em programas na TV com muita mídia voluntária, um espaço raro para o
reconhecimento do Brasil, Amazônia e povos indígenas. “Acompanhei, como
convidado especial, Hiromi Nagakura em programas ao vivo na TV em horário nobre,
antecedido por fala de fim de ano do imperador. Não foi pouca coisa o impacto dessas
exposições e livros-reportagens para a formação de uma opinião pública esclarecida
sobre a realidade dos Yanomami e Xavante, e da Amazônia mesma. Afinal, nós
andamos por dezenas de aldeias nas cabeceiras dos rios Juruá, Negro e Demi ni,
Tarauacá e rio Gregório, além de cortar estradas pelo cerrado e regiões de florestas onde
a vida continua vibrante como nos primórdios da criação”, completa Krenak.
Uma publicação, editada pelo Instituto Tomie Ohtake, marca a exposição, ao reunir um
conjunto de obras de Nagakura e ensaios assinados por: Angela Pappiani; Claudia
Andujar; Laymert Garcia dos Santos; Lilia Moritz Schwarcz; e Priscyla Gomes.

Veja aqui a programação completa deste evento, de 24/10 a 18/11.

Marcy Junqueira

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