IMAGINAR FUTUROS

INSTITUTO TOMIE OHTAKE

promove o ciclo de conversas Imaginar Futuros, do programa “Meio-ambiente e

imagens na contemporaneidade”

Os antropólogos Manuela Carneiro da. Cunha e Philippe Descola na primeira palestra do novo ciclo – As Formas do Visível .
20 de setembro de 2022, às 19h

Neste programa de investigação transdisciplinar, artistas, ambientalistas, cientistas,
ativistas, antropólogos e filósofos franceses e brasileiros de destaque debatem o
estatuto atual das relações entre cultura e natureza – um mesmo conceito separado
em duas partes, segundo o filósofo francês Bruno Latour – a partir de um mergulho em
imagens. Realizado pelo Instituto Tomie Ohtake, com patrocínio do BNP Paribas, apoio
do Consulado Geral da França em São Paulo, apoio institucional da Alliance Française:
Brésil, Editora 34, Institut Français, Ubu e Cult, o projeto tem curadoria de Priscyla
Gomes e de Carol Tonetti, dos Núcleos de Pesquisa e Curadoria e de Cultura e
Participação do Instituto Tomie Ohtake.
O primeiro encontro, As Formas do Visível, que acontece presencialmente no Instituto
Tomie Ohtake no dia 20 de setembro, às 19h, reunirá o atropólogo francês Philippe
Descola
e a antropóloga brasileira Manuela Carneiro da Cunha. Não por acaso, o título
do encontro é o mesmo do mais recente livro de Descola, que será publicado no Brasil
pela Coleção Fábula da Editora 34. A cada encontro, materiais visuais distintos do
campo da arte, da cultura e da ciência servirão de gatilho para leituras possíveis sobre
a reinvenção do humano e do meio-ambiente – incluindo as interrogações possíveis
acerca desses dois termos.
“Numa civilização da imagem, saturada pelo volume e pela efemeridade de imagens
planas, superficiais e sem enigma, quais e como as imagens podem nos provocar a
rupturas e leituras renovadas do maior desafio de toda a (breve) história da
humanidade?” indagam as curadoras do programa, Priscyla Gomes e Carol Tonetti, dos
núcleos de curadoria e educativo do Instituto Tomie Ohake respectivamente.
“Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura
terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e
paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e
que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna”,
completam.
O presente ciclo conta ainda com mais dois encontros previstos para outubro e
novembro, com participantes, data e horário informados posteriormente pelo Instituto
Tomie Ohtake.

Sobre os participantes
Philippe Descola 

Nascido em Paris, em 1949, é um dos principais antropólogos franceses de sua
geração. Formado em filosofia pela École Normale Supérieure de Saint-Cloud, fez seu
doutorado em antropologia na École Pratique des Hautes Études, sob a orientação de
Claude Lévi-Strauss, com uma tese baseada em seu trabalho de campo entre os achuar
da Amazônia equatoriana, entre 1976 e 1979. Ensinou a partir de 1987 na École des
Hautes Études en Sciences Sociales e, em 2000 foi nomeado para uma cátedra de
antropologia no Collège de France. Suas pesquisas investigam os modos de
socialização da natureza, a formação das noções de “natureza” e “cultura” e as
diferentes ontologias que daí derivam. É autor de obras como La nature domestique
(1986), Les lances du crépuscule (1993), Par-delà nature et culture (2005) e La
composition des mondes (2014).
Manuela Carneiro da Cunha
É antropóloga, doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas
(1976) e graduada em matemática pela Faculté des Sciences de Paris (1967). Fez pós-
doutorado na Universidade de Cambridge. Foi professora doutora da Universidade
Estadual de Campinas e professora titular da Universidade de São Paulo, onde, após a
aposentadoria, continua ativa. Foi full professor da Universidade de Chicago de 1994 a
2009, onde é professora emérita. É membro da Academia Brasileira de Ciências, e da
Academia de Ciências do terceiro mundo e da Comissão Arns de Direitos Humanos
desde 2019. Em 2018 recebeu o Prêmio de Excelência Gilberto Velho para
Antropologia conferido pela ANPOCS. Publicou 12 livros, 38 artigos em Periódicos
especializados e 32 capítulos em livros, e organizou quatro livros. Seus livros
receberam prêmios da ANPOCS, Jabuti e da Biblioteca Nacional. Sua atuação distribui-
se pela etnologia, história e direitos dos índios, escravidão negra, etnicidade,
conhecimentos tradicionais e teoria antropológica. 
A urgência da discussão
A crise ambiental, fato amplamente amparado pela ciência, é desafio urgente e
primordial não só de hoje, mas também de todo e qualquer futuro que possa haver
pela frente. Como declarou recentemente o filósofo francês Bruno Latour,
atravessamos pelo menos os dois últimos séculos feito sonâmbulos, alheios ao alerta
evidente dos desastres ecológicos. Nos tornamos, enfim, aqueles que teriam podido
agir, nos deparando tardiamente com os danos irreversíveis da nossa própria ação. 
Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura
terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e
paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e
que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna. 
A natureza não só se depara como uma espécie de fim – tanto ligada à sua decadência
material como enquanto conceito – como escancara cada vez mais suas finalidades, no
sentido da interdependência vital desta com os seres humanos, cuja separação é
apenas artificial. Junto ao declínio ambiental e a realidade do Novo Regime Climático,
esgotam-se os projetos vigentes de mundo clamando por uma maior diversidade de
representações, de saberes e cosmologias. Trata-se, sobretudo, da necessidade de
revivermos saberes de povos originários, negligenciados pelas sociedades ocidentais, e

que podem nos ajudar a imaginar, antes que um novo mundo, um novo povo, como
argumentado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.

CICLO DE PALESTRAS IMAGINAR FUTUROS – Parte do programa “Meio-Ambiente e
Imagens na Contemporaneidade”
Primeiro encontro: As formas do Visível
Participação: Philippe Descola e Manuela Carneiro da Cunha
Data: 20 de setembro de 2023
Horário: 19h
Duração: 1h30
Tradução: tradução simultânea português-francês / francês-português
Local: Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros SP
Metrô mais próximo – Estação Faria Lima (linha 4 – amarela)
Fone: 11 2245 1900
www.institutotomieohtake.org.br

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