PANTANAL EM CHAMAS (DE NOVO)

A planície do bioma Pantanal brasileiro, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tem aproximadamente 151.000 quilômetros quadrados. Outros 44.000 quilômetros quadrados do bioma encontram-se na Bolívia e no Paraguai.  

Apesar da extensão do Pantanal ser praticamente o dobro de Portugal, ocupa aproximadamente só 2% do território brasileiro. É a maior área úmida do planeta, reconhecida pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade.

Existem no Pantanal pelo menos 4.700 espécies, sendo 3.500 espécies de plantas, 650 de aves, 124 de mamíferos, 80 de répteis, 60 de anfíbios e 260 espécies de peixes de água doce, sendo que algumas delas em risco de extinção.

O Pantanal pode estar diante da temporada mais destruidora de fogo. Nas últimas semanas, segundo a Folha de São Paulo, o número de focos de incêndio é quase 900% maior do que no mesmo período de 2020, o ano da pior crise até então. Em 2020, um estudo do Instituto Chico Mendes estimou que foram mortos 17 milhões de animais vertebrados. As  áreas queimadas nos cinco primeiros meses de 2024 somaram 332 mil hectares, 39% mais que a registrada em igual período de 2020, quando o bioma sofreu a pior destruição de sua história.

O bioma ameaçado tem uma particularidade: mais de 90% dele está dentro de propriedades particulares. Uma pequena fatia do Pantanal, 4,68%, está protegida dentro de unidades de conservação. É por isso que a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), aquelas criadas voluntariamente por proprietários rurais, é importante. É necessário lembrar, que no Pantanal 95% dos incêndios são provocados pelo homem, de forma acidental ou intencionalmente.

A SOS Pantanal lançou uma nota técnica cobrando ações. O documento foi endereçado aos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ICMBio e IBAMA e exigiu um trabalho conjunto mais eficiente e alinhado.

O cenário motivou o governo federal a instalar uma sala de situação preventiva para tratar sobre a seca e o combate a incêndios no país, especialmente no Pantanal e na Amazônia. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, há um agravamento dos problemas de natureza climática e as consequências chegarão mais cedo este ano, com repercussão ambiental “muito grave”, como destaca a Agência Brasil.

O fogo já atingiu, nos últimos 40 anos,  59% da extensão do bioma.

Cyntia Santos, analista de conservação do WWF Brasil, explica que o clima se mantém quente a maior parte do dia no Pantanal e as chuvas abaixo das médias históricas desde o fim do ano passado. A situação é catastrófica e ligada à seca na Amazônia e à destruição do Cerrado.

Maristela Jardim Gaudio

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