O Decenio Decisivo - Luiz Marques

Livro: O decênio decisivo

Propostas para uma política de sobrevivência

Autor: Luiz Marques

Apresentação: Antonio Donato Nobre 

Editora: Elefante

Lançamento/mesa de debate: 23 de maio de 2023, às 19h

Local: Instituto Tomie Ohtake 

No lançamento, o autor reunirá em mesa de debate a jornalista Cristina Serra, a pesquisadora titular do INPE Luciana Gatti e o coordenador nacional do MST Gilmar Mauro 

Luiz Marques, vencedor do Prêmio Jabuti com o livro “Capitalismo e colapso ambiental” (2016), lança agora no Instituto Tomie Ohtake “O Decênio Decisivo – propostas para uma política de sobrevivência”, pela editora Elefante. Em 617 páginas, o autor, alicerçando como tese central o melhor da ciência possível, defende que vivemos o último decênio no qual mudanças estruturais em nossas sociedades podem ainda atenuar significativamente esse processo de desestabilização planetária. “Para serem efetivas, essas mudanças devem ter a envergadura de uma verdadeira mutação civilizacional”. 

Na apresentação do livro, assinada por Antonio Donato Nobre, o professor do Programa de Doutorado em Ciência do Sistema Terrestre (INPE) destaca: O alarmante estado da humanidade em sua marcha insensata em direção ao abismo é retratado neste livro com um discurso irretorquível, potente, inescapável. Com sua narrativa accessível, e com um menu impressionante de soluções, deve tornar-se leitura obrigatória para quem quiser ter qualquer relevância nas campanhas de resgate que virão ainda neste decênio”. 

Sobre o livro, por Luiz Marques 

As sociedades se defrontam com um novo problema, que não apenas agrava, mas redefine completamente o quadro de desafios herdados do passado. Esse novo problema enuncia-se assim: sobretudo nos últimos 70 anos, a ação humana alterou significativamente a estrutura e o comportamento de componentes de larga escala do sistema Terra, aí incluídos a diversidade biológica do planeta, a extensão geográfica e as condições ecológicas de funcionamento das florestas, a composição química da atmosfera, dos solos e dos oceanos, as temperaturas superficiais e marítimas, os regimes de chuvas, os glaciares das montanhas, as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida… A Grande Aceleração é o termo com que a ciência designa a velocidade crescente e já vertiginosa dessas alterações sistêmicas. Seu resultado fundamental é que vivemos hoje em um planeta mais hostil do que aquele em que os humanos puderam vicejar ao longo de toda a história das civilizações. Essas condições sempre mais adversas à vida começam agora a ameaçar a habitabilidade de latitudes crescentes do planeta.

A intoxicação dos organismos, a aniquilação da biodiversidade e a emergência climática são dimensões centrais e intimamente associadas dessa Grande Aceleração. Os cientistas categorizam agora a Terra como um planeta tóxico, dada a exposição contínua dos organismos a mais de 140 mil novas substâncias químicas e pesticidas sintetizados desde 1950, muitos deles mutagênicos e teratogênicos. No que se refere à aniquilação da biodiversidade, milhares de espécies de vertebrados e invertebrados têm sofrido forte perda de hábitat e contração populacional. Cerca de 28% das cerca de 140 mil espécies avaliadas pela ciência encontram-se em diferentes graus de risco de extinção. Além disso, observa-se a partir de 2016 uma bifurcação no sistema climático, pois não se voltará mais abaixo da marca de 1°C acima do período pré-industrial, ao menos em uma escala de tempo histórica. A temperatura média global superficial, terrestre e marítima combinadas, tem oscilado desde então em torno de 1,2°C (±0,1°C) acima do período pré-industrial e estamos na iminência de sofrer os impactos de temperaturas médias planetárias mais altas do que as experimentadas em toda a história de nossa espécie. Quando a temperatura média superficial do planeta ultrapassar 2 °C acima do período pré-industrial – o que pode ocorrer já no segundo quarto do século XXI – a agricultura, o abastecimento energético e demais alicerces imprescindíveis à existência de sociedades organizadas começarão a vacilar, senão mesmo a ruir. Mantida a trajetória atual, o mundo legado aos que nele viverem na segunda metade do século XXI começará a se assemelhar a cenários distópicos da ficção científica de antecipação.

Como bem afirma Johan Rockström, diretor do Potsdam Institute for Climate Impact Research, “é preciso que os próximos dez anos, até 2030, vejam a mais profunda transformação que o mundo jamais conheceu”. Eis o núcleo do que é preciso entender para iniciar essa mutação: quanto mais consolidado se torna o consenso científico sobre a aceleração dos desequilíbrios planetários, mais a lógica expansiva e destrutiva do capitalismo globalizado revela a engrenagem exterminadora e a monstruosidade moral em que se tornou. Pois o funcionamento “normal” dessa lógica econômica está solapando as condições de existência dos seres vivos, e isso numa escala ainda maior do que as guerras atuais. Se as sociedades entendem conservar as condições socioambientais que permitem sua existência, é chegado o momento para elas de se empenhar na construção de uma civilização ecodemocrática e observante dos limites planetários, com todos os imensos riscos e sacrifícios implicados nesse empenho. Demonstrar por todas as formas possíveis essa necessidade imperativa e impreterível de mudança em direção a uma civilização pós-capitalista é o objetivo de cada página deste livro. 

Sobre o autor

Luiz Marques é professor Livre Docente aposentado e colaborador do Departamento de História do IFCH, Unicamp. Entre 1995 e 1997, foi curador-chefe do Museu de Arte de São Paulo. Nos últimos 15 anos, tem-se dedicado à docência e a pesquisas sobre as crises socioambientais contemporâneas. Nessa qualidade, foi professor convidado na Universidade de Leiden, na Holanda, e publicou artigos e livros, entre os quais Capitalismo e colapso ambiental (Editora da Unicamp, 2015; edição inglesa, Springer, 2020), que em 2016, além do Prêmio Jabuti, obteve o 2º lugar no Prêmio da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU). Entre 2017 e 2021, contribuiu regularmente com artigos para o Jornal da Unicamp. É atualmente professor sênior da Ilum Escola de Ciência do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM).

Lançamento Livro: “O Decênio Decisivo – propostas para uma política de sobrevivência” 

Autor: Luiz Marques

Número de páginas: 617 / Preço R$ 86,00

Data: 23 de maio, de 2023, às 19h, mesa de debate com Luiz Marques, Cristina Serra, Luciana Gatti e Gilmar Mauro

Local: Instituto Tomie Ohtake 

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros SP

Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: 11 2245 1900

Informações à Imprensa

Pool de Comunicação – Marcy Junqueira / Martim Pelisson 

marcy@pooldecomunicacao.com.br / martim@pooldecomunicacao.com.br /

Telefones: 11.99980-6241 (Marcy)

11.99619-7744 (Martim)

Categorias: