HUMANIDADE EM RISCO

Recordes de calor põem em risco o futuro da humanidade

No dia 3/7/2023, a temperatura média do planeta atingiu pela primeira vez 17,01 graus Celsius. 3/7/2023 quebra (precocemente) o recorde de 2016 (16,92 graus Celsius) e de 2022 (16,89 graus Celsius atingido em 25/7/2022). E o El Niño está apenas começando… No dia seguinte, 4/7/23, é quebrado o recorde do dia 3, e o planeta passa de 17,01C a 17,18C… Ontem, dia 6, novo recorde: 17.23C. O índice foi quebrado pela terceira vez nesta semana, fazendo dela a mais quente já registrada. O número ficou 1,02°C acima do padrão histórico para o dia 6 de julho.

Há 66% de chances de se atingir pela primeira vez um aquecimento médio global de 1,5 graus Celsius acima do período pré-industrial na média anual entre 2023 e 2027 (Organização Meteorológica Mundial).

O planeta se tornará inabitável para os humanos e inúmeras espécies em latitudes crescentes provavelmente no próximo decênio, quando o aquecimento médio global estiver se acelerando em direção a 2 graus Celsius. “Todas as espécies têm um nicho ambiental e, apesar dos avanços tecnológicos, é improvável que os humanos sejam uma exceção. (…) Por milênios, as populações humanas residiram na mesma estreita faixa do envelope climático disponível no globo, caracterizada principalmente por um regime em torno de ∼11°C a 15°C de temperatura média anual”. (Cf. Chi Xu et al., “Future of the human climate niche”. 117, 21, PNAS, 26/5/2020, pp. 11350-11355).

A economia estatal-corporativa globalizada – baseada em queima de combustíveis fósseis e em consumo de carne -, está rapidamente produzindo um clima que reduzirá drasticamente os limites geográficos do nicho humano. Enquanto isso, estamos discutindo tudo, menos isso.

Nenhuma agenda social é mais factível se não incorporar em primeira linha a questão climática e a governança global democrática. E isso requer, para começar: (1) um patamar muito mais alto de cooperação global democrática; (2) a redução drástica e imediata do consumo de combustíveis fósseis, com zero exploração suplementar de petróleo, carvão e gás e (3) desmatamento zero com restauração, onde ainda possível, da manta vegetal planetária.

HUMANIDADE EM RISCO

Texto: Luiz Marques (autor de Capitalismo e Colapso Ambiental – 2014, O Decênio Decisivo -2023)

Ilustração e Gráfico: ClimateReanalyser.org NCEP/Climate Change Institute/University of Maine.

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