Talvez muita gente sinta, mas pouca gente conheça o significado de Solastalgia que dá
nome à exposição de Lucas Bambozzi, no MAC USP. Aplicada pelo filósofo Glenn
Albrech, em 2005, a palavra expressa um sentimento de perda diante das
transformações radicais da paisagem, o estresse mental ou existencial causado pelas
mudanças ambientais.

As quatro instalações concebidas em 2023 pelo multiartista refletem o impacto das
atividades mineradoras no Brasil. O trabalho, título da mostra, traz imagens de
montanhas e paisagens dilaceradas, as tragédias causadas pela mineração de ferro no
entorno de Belo Horizonte (MG). Catástrofes, acidentes chamados de naturais, mas na
verdade provocados por ações humanas, também aparecem nas outras duas obras que
integram a exposição. “Se antes estávamos expostos a formas de solastalgia apenas em
função de acidentes tidos como naturais, hoje, os acidentes são causados por
negligências – por modelos de extrativismo danosos e também por uma noção de
desenvolvimento que entra em conflito com outros modos de se viver”, avalia
Bambozzi.

Já a instalação Luzes apresenta painéis luminosos que sintetizam a palavra solastalgia
por frases projetadas pelos convidados: o líder indígena Ailton Krenak, a escritora
Christiane Tassis e a artista visual Giselle Beiguelman. Ao longo do período da
exposição, novas participações devem se somar à instalação em diálogo com as redes
sociais e com a exposição em sua integralidade.

Texto: Marcy Junqueira Foto: Cratera Mutuca – Lucas Bambozzi

Solastalgia, de Lucas Bambozzi
Até 1 de outubro de 2023
MAC USP – Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301 – Ibirapuera – (11) 2648.0254
Terça a domingo das 10h às 21h
Entrada gratuita