A defesa insuficiente dos Yanomami

O Ecovirada repercute aqui um artigo do jornalista João Gabriel para a Folha de São Paulo, de 21 de janeiro de 2024, que comenta como os militares brasileiros parecem resistir a proteger os Yanomami: “Insatisfação com atuação de militares na terra yanomami persiste sob Lula”. (Clique no nome do artigo para lê-lo.)

Se o governo Bolsonaro nem se propunha à proteção dos indígenas (muito pelo contrário), mesmo com o governo Lula, que dá ordens para que ela seja feita, mil subterfúgios parecem ser usados pelos militares de modo a evitar um combate efetivo à mineração na Amazônia e nos territórios Yanomami. De acordo com o texto da Folha, a ministra Marina Silva responde de modo a continuar contando com os militares e a providenciar mais aviões para a missão contra o garimpo ilegal.

Perguntas surgem a partir da leitura do artigo. Mesmo não podendo ser aqui respondidas, elas organizam nossa pesquisa desse grave problema brasileiro.

1. Por que os militares não têm um compromisso mais forte com a defesa da área indígena e por que não impedem a mineração? Que interesses e valores dos militares estão em jogo, e como eles se manifestam desde o tempo da ditadura?

2. A ação dos militares antes do governo Bolsonaro (nos dois governos anteriores de Lula e no de Dilma) era mais efetiva do que agora?

3. Tem-se afirmado que a quantia governamental destinada ao combate do desmatamento, do garimpo ilegal e à proteção indígena é bem abaixo da necessária. Como mais dinheiro pode ser obtido para essas ações? Eduardo Moreira tem frisado que o lucro dos bancos no Brasil é exorbitante. Uma maior taxação deles não poderia ser vinculada a tal programa socioambiental?

4. Que trabalho tem sido feito e pode ser mais desenvolvido no trato com os militares para que eles tenham uma ação eficaz? O Ministério da Defesa poderia melhorar o diálogo com os militares?

Seguem links de outros artigos recentes que podem ajudar nesse assunto, ou que trazem informações similares e complementares às do texto de João Gabriel na Folha:

“A sabotagem das Forças Armadas à Operação Yanomami em 5 momentos”, de Rubens Valente, em 17 de janeiro de 2024.

Militares retiram tropas e equipamentos enquanto garimpeiros voltam à terra Yanomami“, de Murilo Pajolla, em 23 de dezembro de 2023.

Persistência da crise humanitária pressiona governo e militares na Terra Yanomami“, Climainfo, 22 de janeiro de 2024.

Além desses artigos, outros poderão ser acrescidos.

Rosie Mehoudar

Foto: Rovena Rosa, Agência Brasil, Climainfo.

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